Dor Crônica: Compreendendo o Problema

O Que É Dor Crônica?

A dor crônica é uma condição persistente, definida como aquela que dura por mais de três meses, ultrapassando o período esperado de cicatrização dos tecidos. Diferente da dor aguda, que tem uma função protetora e adaptativa, a dor crônica perde essa função e se torna uma doença em si, podendo persistir mesmo após a resolução do problema inicial.

Entre as condições mais frequentemente associadas à dor crônica estão:

  • Síndromes musculoesqueléticas (ex.: lombalgia crônica, osteoartrite e fibromialgia)

  • Dores neuropáticas (ex.: neuropatia diabética, neuralgia pós-herpética, dor do membro fantasma)

  • Dor oncológica (relacionada a tumores e seus tratamentos)

  • Dor secundária a doenças neurodegenerativas (ex.: doença de Parkinson, esclerose múltipla)

A dor crônica pode ser classificada como nociceptiva, neuropática ou mista, e sua fisiopatologia envolve mecanismos periféricos e centrais que perpetuam a sensação dolorosa, mesmo na ausência de um estímulo nocivo contínuo.

Alterações Neurofisiológicas na Dor Crônica

A dor crônica está associada a mudanças estruturais e funcionais no sistema nervoso central (SNC), resultando em sensibilização central — um fenômeno em que os neurônios da medula espinhal e do cérebro se tornam hiperexcitáveis, amplificando os sinais dolorosos.

Principais mecanismos envolvidos:

  • Neuroplasticidade disfuncional: alterações no córtex somatossensorial, no córtex pré-frontal, no cíngulo anterior e na amígdala contribuem para a manutenção da dor e para sintomas afetivos, como ansiedade e depressão.

  • Desregulação dos sistemas inibitórios descendentes: redução da ação de neurotransmissores inibitórios, como a serotonina e a noradrenalina, que normalmente modulam a dor.

  • Aumento da ativação glial e neuroinflamação: células da glia liberam mediadores inflamatórios, intensificando a sensibilização neuronal.

Esse remodelamento do SNC explica por que a dor crônica persiste independentemente da lesão inicial, tornando-se um problema de difícil manejo.

Impacto na Qualidade de Vida

A dor crônica compromete múltiplas esferas da vida dos pacientes, levando a:

  • Alterações no sono: padrões de sono fragmentados e não reparadores aumentam a percepção da dor.

  • Dificuldades na mobilidade e funcionalidade: comprometimento da capacidade de realizar atividades cotidianas e profissionais.

  • Risco aumentado de transtornos psicológicos: ansiedade e depressão são comuns, agravando a experiência dolorosa.

  • Isolamento social: pacientes com dor crônica frequentemente reduzem interações sociais, impactando sua qualidade de vida e bem-estar emocional.

O Problema do Uso Prolongado de Medicamentos

O tratamento farmacológico da dor crônica inclui analgésicos comuns, anti-inflamatórios, antidepressivos, anticonvulsivantes e opioides. No entanto, o uso prolongado dessas medicações pode levar a complicações como:

  • Tolerância e dependência (particularmente com opioides)

  • Lesão renal e gastrointestinal (com anti-inflamatórios não esteroides – AINEs)

  • Efeitos colaterais neurológicos e psiquiátricos (associados a antidepressivos e anticonvulsivantes)

Diante dessas limitações, abordagens terapêuticas alternativas e menos invasivas vêm ganhando destaque no manejo da dor crônica.

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